sábado, 1 de setembro de 2007

Primeiros passos

Ao André

De súbito, ele ensaia os primeiros passos.
A alegria de caminhar com as próprias pernas
é bem maior que o medo de cair.
Seu sorriso inocente (ele ainda não fala o nosso idioma)
diz “Mundo, aí vou eu!”.
Os gigantes, que têm a memória curta, contrariam
a natureza humana e obstruem o caminho,
desafiando ainda mais o nosso ingênuo e impetuoso desbravador,
que não toma conhecimento dos perigos de cada nova jornada.
Melhor assim, a consciência e o medo, muitas vezes,
impedem-nos de extrapolar nossos limites.
Nem por isso deixamos de ser felizes, afinal, a vida é um mistério,
repleta de “ses”, que povoam nosso imaginário e dão a medida da nossa (in)felicidade.
Vá em frente, destemido herói, e lembre aos que se acovardam ante os
obstáculos da caminhada que nossas aventuras mais interessantes
foram vividas nos momentos em que ignoramos
esta maravilhosa e assustadora faculdade:
a razão.

(Ênio César de Moraes) 

Um comentário:

Tereza Cavalcanti disse...

Colega, fico sempre feliz e profundamente emocionada ao ver aqueles que vivem da palavra burocratizada transformá-la em arte. Mais do que a arte da palavra, a arte do encantamento pela palavra... Como bom observador que você é e com a dose certa de sensibilidade, sei que você vai nos brindar com textos que captam a realidade naquilo que ela tem de mais deliciosamente banal... Parabéns! Espero novos encantamentos...
Um grande beijo