terça-feira, 30 de outubro de 2007

O bem mais precioso

O bem mais precioso que temos?
O dinheiro? Não.
Ah! o tempo — essa escassa e almejada riqueza!
Nada nos incomoda mais do que a perda de tempo.
Quão deprimente é essa constatação!
O dinheiro, recupera-se; o tempo, este não.
Vão-se, com ele, todos os nossos sonhos, nossas esperanças,
Nossas alegrias... E o que fica? Um vazio
Corrosivo que, com o tempo, nos destrói.
Ah! o tempo! Quanta falta nos faz!
Tempo para ler, para escrever, para dormir, para curtir os filhos,
Para respirar, para amar, para viver...
“Meu reino por um pouco mais de tempo!”
Que milionário, à beira da morte, não daria sua fortuna
Só para ter um pouco mais de tempo?
“Passe lá em casa!”; “Quando tiver tempo, me liga!”
Espalhados por toda parte, os relógios nos dizem,
Com seu tom mórbido e ameaçador: “O tempo está passando!”
Quisera ser o senhor do tempo! Controlar as horas... Imagine!
Fazer durar uma vida aquilo que durou um minuto;
Fazer passar em um segundo o que nos consumiu durante anos...
Quisera ter o fôlego das personagens de Clarice para mergulhar
No passado e, num instante-já, reviver uma vida,
De preferência, os momentos felizes.

(Ênio César de Moraes)