Às vezes, sou barroco: sinto-me torturado pelo desejo de comer a maçã,
Pelo medo de prestar contas ao Dono do pomar,
Pela efemeridade da vida;
Às vezes, sou árcade: alimento a utopia de uma vida simples e calma,
Longe da “azáfama sacrílega” da cidade grande,
Apesar de me deleitar com tudo que esta me proporciona;
Às vezes, sou romântico: às vezes, vejo a vida com os óculos da idealização
E, como num passe de mágica, até o que é triste fica bonito
— “Até os urubus são belos, no largo círculo dos dias sossegados”;
Mas, na maior parte do tempo, sou realista:
Não fecho os olhos às mazelas humanas;
Também sou naturalista, afinal, “em terra de sapos, de cócoras com eles”;
Às vezes, sou parnasiano: amo o belo e sou, rigorosamente, formal;
Às vezes, sou simbolista: não raro, viajo pelos recônditos da minh’alma;
Às vezes, sou moderno: aborrecido com a mesmice, busco o inusitado.
Em outras palavras, quase sempre, sou humano.
(Ênio César de Moraes)
quarta-feira, 25 de junho de 2008
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3 comentários:
É que você é contemporâneo.. :)
Legal isso...
Pensar que naqueles esritores de cada uma das fases tinha um pouco de cada uma delas.
E não somente aquilo que o autor representava... será que eles não tinham vontade de escrever sobre outras coisas? Será que não escreviam?
Em relação ao que a Bianca disse ali, acho que escreviam sim, mas acabavam seguindo a "tendência do momento", por isso parecia a mesmisse...
Antes foi um pouco de tudo isso, professor, como agora, e como depois. :) lindo dexto!
pois é, falei que nunca mais até vc comentar no meu que eu ia comentar no seu blog.
complexo, né?
mas estou aqui.
esse texto realmente é muito bom. ótimo para uma aula resumindo os estilos literários.
xD
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